Cortiça
Mais ecológico não há!
Natural e macia, a cortiça, mantém o fresco e também o quente, quando é preciso, e é usada para tornar o ambiente confortável e acolhedor. A cortiça caracteriza-se, ainda, como um material eco-eficiente, com um ciclo de vida completo, ou seja, os resíduos do processo de fabricação são reutilizados como biomassa para a produção de novos produtos. Ela é uma matéria-prima tão perfeita que até hoje nenhum processo industrial ou tecnológico a conseguiu igualar.
A história da cortiça entrecruza-se com a da Humanidade.
Uma quantidade de povos que cedo descobriram o potencial da casca do Sobreiro numa infinidade de objetos do quotidiano.
Antes de Cristo, já a cortiça era utilizada em sapatos, bóias e aparelhos de pesca.
Nos séculos XV e XVI foi aplicada nas caravelas que levaram os descobridores portugueses à descoberta do Mundo.
A cortiça foi atravessando os séculos, valorizando as suas características, afirmando as suas potencialidades, conquistando terreno.
Nos dias de hoje em pleno século XXI, é uma das matérias-primas com mais destaque na área das novas aplicações.
Ela está constantemente a surpreender-nos em qualquer que seja a área, desde a moda, passando pelo desporto e transportes até à construção e decoração. Face à preocupação ambiental cada vez mais presente nas nossas vidas, o recurso a um material ecológico, reciclável e reutilizável como a cortiça tem vindo a crescer, sobretudo em áreas inovadoras como o Design para a Sustentabilidade. De certo que ao longo deste século a cortiça vai voltar a ter o devido respeito pela excelente matéria-prima que é, por ser tão nobre e multifuncional.
O ciclo de vida da cortiça, enquanto matéria-prima, começa com a extração da casca aos sobreiros. É o chamado descortiçamento que se realiza durante a fase mais ativa do crescimento da cortiça, que se verifica entre os meses de Maio/Junho até meados/fim de Agosto. São necessários 25 anos até que um tronco de sobreiro comece a produzir cortiça e a ser rentável. Cada tronco tem que atingir um perímetro de cerca de 70 cm quando medido a 1,3 metros do chão. A partir de então, a sua exploração durará em média 150 anos.
A primeira cortiça extraída tem uma estrutura muito irregular e com uma dureza difícil de trabalhar, é a chamada cortiça virgem que será utilizada em aplicações como pavimentos, isolamentos e produtos para áreas tão diversas como a construção, a moda, o design, a saúde, a produção de energia ou a indústria aeroespacial. Só a partir do terceiro descortiçamento, o Sobreiro fornecerá, de nove em nove anos, cortiça com boa qualidade durante cerca de século e meio, produzindo, em média, 15 descortiçamentos durante toda a sua vida. Para não danificar a árvore no descortiçamento, é necessária habilidade manual e muita experiência por parte dos descortiçadores.
O sobreiro é a única árvore cuja casca se autorregenera, adquirindo uma textura cada vez mais lisa após cada extracção.
Cortiça - Um dos mais extraordinários produtos da natureza
A cortiça é a casca do sobreiro (Quercus Suber L.), o que significa que é um tecido vegetal 100% natural.
É formada por uma colmeia de células microscópicas preenchidas com um gás semelhante ao ar e revestidas maioritariamente por suberina e lenhina. Ela tem propriedades únicas, pois é uma matéria-prima 100% natural, 100% reutilizável e 100% reciclável. Vão ser enumeradas as principais características deste material, a fim de se perceber as suas principais vantagens na sua aplicação.
ELASTICIDADE
A cortiça é um material especialmente elástico, compressível e resistente graças à sua engenhosa estrutura celular. Cada centímetro cúbico é composto de 40 milhões de células altamente flexíveis, tornando-a compressível e muito elástica. É o único sólido que ao ser apertado num dos lados não aumenta de volume no outro. Isto significa que volta sempre à sua forma original depois de ser submetida a qualquer pressão e tem uma capacidade elástica que lhe permite adaptar-se a variações de temperatura e de pressão. Esta característica deve-se à mistura gasosa entre cada célula, que facilita a sua compressão até cerca de metade da sua largura e a descompressão, regressando à forma original.
RESISTÊNCIA AO DESGASTE E ATRITO
Para além de ser um material extraordinariamente resistente ao desgaste, a cortiça, graças à sua estrutura em favo de mel, é muito menos afetada pelo impacto ou atrito do que outras superfícies duras. O facto de as suas células serem formadas por microscópicas almofadas gasosas torna a cortiça muito confortável. Para além disso é saudável, pois a capacidade de absorver os choques alivia a pressão sobre os pés, protegendo as articulações e a coluna.
RESISTÊNCIA À ÁGUA E GASES
Devido à presença de suberina e aos ceróides existentes nas paredes das células, a cortiça é um material naturalmente impermeável a líquidos e a gases e pode ser utilizada, sem qualquer risco de apodrecimento, em cozinhas, casas de banho (inclusive na zona do duche) e em espaços exteriores. A sua resistência à humidade permite-lhe envelhecer sem se deteriorar.
ISOLAMENTO TÉRMICO E ACÚSTICO
A cortiça é um dos isolantes mais antigos do mundo e seguramente o melhor. Ela tem uma baixa condutividade de calor, som e vibração. Isto acontece porque os elementos gasosos que contém estão fechados em pequenos compartimentos impermeáveis e isolados uns dos outros. Mais uma vez, graças à sua estrutura celular, 40 milhões de células presentes em cada centímetro cúbico, a cortiça é capaz de absorver calor e de o conservar por muito tempo. Revestindo pavimentos e paredes com cortiça é possível obter significativas economias com sistemas de aquecimento. Também funciona como um autêntico absorvedor de som, tornando a cortiça um isolante perfeito para quartos de crianças, escritórios, bares e restaurantes.
ANTIESTÁTICA E HIPOALERGÉNICA
Os pavimentos em cortiça são extremamente higiénicos e contribuem para um espaço mais limpo e saudável, pois como não absorve pó e ácaros, eles são sem dúvida o material indicado para a protecção de todas as pessoas contra alergias e asma.
MANUTENÇÃO FÁCIL
A camada superior de um revestimento em cortiça, seja numa parede ou num pavimento, é feita para facilitar a sua manutenção, não sendo necessária a aplicação de qualquer tratamento ou proteção específica.
LEVEZA
Graças à sua constituição estrutural, mais de 50% do seu volume é ar, o que a torna muito leve - pesa apenas 0,16 gramas por centímetro cúbico e flutua.
COMBUSTÃO LENTA
A cortiça é um retardador natural de fogo: não faz chama nem liberta gases tóxicos durante a combustão.
SUAVIDADE AO TOQUE
Com uma temperatura natural muito aproximada à do corpo humano, transmite uma sensação de conforto difícil de replicar com qualquer outro material. Em termos sensoriais, é um produto suave ao toque, com um odor muito característico, não intrusivo, levemente adocicado.
MATERIAL CONTEMPORÂNEO E FUTURÍSTICO
Com novas aplicações, cores, texturas e dimensões a serem exploradas todos os dias, a cortiça deixou de ser um material do passado para se transformar num dos mais excitantes e desafiantes materiais do presente cada vez mais projectado no futuro.
A indústria da cortiça nos dias de hoje, é um dos sectores industriais mais avançados e inovadores. Graças aos modernos conhecimentos e tecnologias foi fácil interligar o seu saber ancestral com o avanço tecnológico. A cortiça tem as aplicações mais diversificadas que se pode imaginar. São feitos materiais de alta tecnologia para a indústria aeroespacial, equipamento desportivo de alta competição, obras de arquitectura e design de referência, entre outros. Estes são apenas alguns exemplos do potencial e da excelência que a cortiça tem. Nunca esquecendo a evolução ao longo do tempo das famosas rolhas de cortiça, que têm o privilégio de roscar o whisky mais caro do mundo.
A cortiça está presente em mais de 100 países que cedo se aperceberam das qualidades deste material 100% natural, amigo do ambiente e flexível. Orgulhosamente, Portugal é o país líder mundial quando se fala de cortiça. A nível de exportações, Portugal lidera com uma percentagem de cerca de 65% e também lidera na área mundial de sobreiro e respectiva produção de cortiça.
Presentemente é muito comum e usual a aplicação de cortiça no mercado da construção e decoração. Principalmente, porque a cortiça proveniente dos dois primeiros descortiçamentos, das podas e limpeza dos sobreiros, bem como a cortiça que não é utilizada para a produção de rolhas de cortiça, é aproveitada para a fabricação de produtos destinados à construção civil e outras aplicações. Aglomerados compostos e aglomerado puro expandido são os dois principais tipos de produtos encontrados, através de um processo industrial sem utilização de aditivos e é 100% natural.
Visto a cortiça ter uma fácil adaptação a diferentes espaços e ambientes ela é cada vez mais usada como material de construção e decoração. Por se tratar de uma matéria-prima com características únicas, inimitáveis, que alia benefícios ambientais imbatíveis a uma surpreendente versatilidade, ela é por excelência o material mais procurado por arquitetos, designers e decoradores quando se fala de materiais ecológicos e naturais. Uma variedade de produtos com diferentes texturas, tons e cores, abre caminho à criação de novos e surpreendentes ambientes.
Quando falamos de pavimentos, todos os anos surgem novos produtos com base na cortiça como novas colecções de pavimentos que refletem visuais semelhantes a outros materiais – como madeira, couro, pedra, etc.. que permitem combinações entre pisos de diferentes colecções para facilitar a decoração de ambientes. Surgem ainda outros produtos para aplicações em paredes com uma variedade de cores e texturas.
A aplicação da cortiça na construção é, ainda, encontrada em juntas de dilatação, recheios de caixas de ar, em câmaras frigoríficas, coberturas de tubagens de aquecimento e ar condicionado e nas bases de máquinas para absorção de vibrações e ruídos. Pelas suas capacidades únicas, a cortiça é também utilizada em betões leves e juntas de expansão para estradas, pontes, caminhos de ferro, barragens ou aeroportos.
Uma obra-prima da natureza ao serviço da engenharia do futuro.
Cortiça - Natural, versátil e sustentável
Actualmente, já é possível ao consumidor final identificar e escolher os produtos que apoiam uma gestão florestal responsável e sustentável. Tal facto deve-se à Certificação de Cadeia de Responsabilidade que faz a rastreabilidade de materiais e produtos certificados, de base florestal, ao longo da cadeia produtiva, desde a floresta, ou no caso dos materiais reciclados, desde o local de recolha, até ao consumidor final. Oferece garantias com a subscrição de compromissos de responsabilidade social e ambiental, fortalecendo uma imagem institucional junto dos clientes. Destina-se assim a qualquer empresa que procure demonstrar que o seu negócio contribui positivamente para a manutenção e melhoria da floresta.
Existem em alguns países, inclusive Portugal, alguns projectos levados a cabo para a reciclagem de rolhas de cortiça, que é o produto mais comum feito em cortiça. Estas são um produto natural, reciclável e reutilizável. Com estes projectos tenta-se consciencializar as populações locais para aproveitar e conservar este recurso tão valioso. Apesar da cortiça reciclada jamais ser reutilizada para produzir rolhas para vinhos, existem muitas outras aplicações alternativas possíveis. Por exemplo, quadros de afixação, marcadores, bases para copos, pavimentos, revestimento, componentes para a indústria automóvel, material de isolamento, entre muitos outros.
Em Portugal é de salientar os projectos “Green Cork” que passa pela reciclagem das rolhas de cortiça em outro produto e também financiar parte de programa “Floresta Comum”, que visa a plantação de árvores da floresta autóctone portuguesa, entre elas o sobreiro. Existem também o “Rolhão” para a colocação de rolhas de cortiça e a Acção Saca-Rolhas que tem como finalidade o reaproveitamento de um produto natural (rolhas de cortiça) e a venda desse mesmo material para novo aproveitamento, reverte a favor de instituições de solidariedade.
Saúde, música, arte, brinquedos, energia, ambiente são algumas das outras áreas onde a cortiça também pode ser encontrada e explorada.